Atenção compadres e comadres, as majestades das festas juninas em Belo Horizonte já deram o ultimato: ao som do arrasta pé é proibido ficar parado. E sabe como é, ordem, quando vem de quadrilheiros tradicionais, tem que ser cumprida à risca. E esse chamado para a folia mais esperada nesta época do ano foi dado, neste sábado, por 58 grupos de quadrilhas do festival mais tradicional da cidade: o Arraial de Belô, que este ano chega em sua 32ª edição. Foi por entre as ruas e avenidas de BH, que os caipiras mais charmosos, aprumaram as charretes, arrumaram os vestidos coloridos e os chapéus para convidar a capital a começar a maratona do "pula fogueira", que este ano chega até mesmo no Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins.
Abençoados por São Pedro, São João e Santo Antônio, os quadrilheiros do Arraial de Belô são movidos a quentão, canjica, pé de moleque e muita paixão. Tradicionais em BH, os 49 grupos são uma grande família compostas por centenas caipiras que no arrasta pé da capital são majestades. Por isso, Belo Horizonte espera por eles para dar inícios às festas juninas. Ontem, foi dia D para o ultimato e o caminho da roça não poderia ser outro. Nada menos do que 20 grupos saíram do Parque Municipal, no Centro, seguiram pela Avenida João Pinheiro e chegaram à Praça da Liberdade, onde chamaram a atenção pela cores fortes das roupas e pela alegria contagiante.
Até quem nunca tinha visto de perto uma festa como essa se arriscou a balançar o corpo. Exemplo disso é o casal da Espanha que, pela primeira vez, visitou o Brasil e, ao conhecer a Praça da Liberdade, surpreendeu-se com a grande quadrilha. "Isso é inédito para nós. Onde moramos, em Sevilha, não tem esse tipo de festa. Gostei bastante. Canjica? Quentão? Nunca experimentamos", contou Carmen Valdes, de 33 anos.
Se em outros países o charmoso balancêr das damas e o irresistível cumprimento dos cavalheiros são desconhecidos, aqui eles transmitem emoções que só a alma mineira é capaz de entender. Foi fácil ontem grupos com mais de 20 ou até 30 anos de tradição. Do Bairro Tupi, na Região Norte, o Cambuquira, com 25 anos de história no Arraial de Belô, promete este ano arrebatar o primeiro lugar. Pelo menos, se depender da pequena Gabriela do Santos Ferreira, de 5 anos, o troféu está garantido. "Vim de noiva porque adoro dançar", explica. De acordo com os organizadores, este ano os quadrilheiros vão sair dentro de uma igreja e até uma estrela de tecido vai entrar da dança.
A disputa vai ser acirrada, se depender do grupo Pé Rachado, do Santa Mônica, da Região da Pampulha, a primeira colocação é deles. "Somos 24 pares. O arraial é o resgate da nossa cultura e raízes. A gente se prepara sete meses antes da festa e quando chega o momento tudo é alegria, sorrisos. Isso é gostoso demais", comentou Rejaine Evagelista, do Pé Rachado, que começou na quadrilha quando tinha 10 anos. "Hoje estou com 30 anos. Já fui noiva cinco vezes, este ano resolvi ser a viúva", diverte-se.
Novidades
Este ano o Arraial de Belô chega com duas novidades. Para chamar toda a cidade para assistir às apresentações nas nove regionais de BH, os quadrilheiros vão surpreender os belo-horizontinos em apresentações em lugares públicos da cidade, como forma de convidar para os eventos. "Serão as blitzes junina. Vamos ter apresentações no Parque JK, nas praças da Liberdade e Sete, além do aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins", explica o presidente da União Junina Mineira, Marcelo Borges.
A outra novidade deste ano é que a estrutura que Belo Horizonte receberá para exibição dos jogos da Copa do Mundo da África do Sul a partir de 11 de junho, na Praça da Estação, será reutilizada também para o Arraial de Belô. "A limitação é de 15 mil pessoas. No ano passado, chegamos a ter 30 mil. Com a estrutura na praça, vamos ter uma arena onde os grupos se apresentarão e mais aconchego para o público", comenta Marcelo.
